terça-feira, 20 de setembro de 2011

Pré-conferência do audiovisual apresenta propostas



Por Lourenço Favari






Aconteceu na noite do dia 15 um marco na história cultural de Rio Claro. Foi realizada a primeira Pré-Conferência Municipal de Cultura com propostas apresentadas pela sociedade civil para que se avancem as políticas públicas de cultura na cidade.

A Pré-Conferência foi da temática audiovisual, na qual representantes de grupos que estudam, produzem e exibem filmes e vídeos se encontraram no intuito de serem propositivos, sistematizando idéias para serem colocadas em prática, e mostrando suas reivindicações para o setor.

O setor de audiovisual está se organizando desde o início do ano, facilitando os trabalhos. Os grupos I-Mago, Kino-Olho, e Núcleo Audiovisual de Guerrilha Fudidos & Malpagos encabeçam o movimento organizado, tendo já realizado diversos encontros presenciais e também o 1º Fórum Municipal de Audiovisual (realizado no dia 14).

Na pré-conferencia, além dos já citados, estiveram presentes o documentarista René Mainardi, a roteirista Claudia do Canto, o organizador do Festival Latino Americano da Classe Obrera, Oliver Cauã, além de participação efetiva da sociedade civil.

O evento integrou a programação do “1º Seminário do I-Mago – Imagens para Des-focar” e aconteceu no Sujinhos Bar. Para Rafael Christofoletti, um dos organizadores do seminário, o mais importante foi a articulação de grupos, artistas e interessados no setor em pensar políticas públicas para área. “Na perspectiva de construir coletivamente políticas publicas horizontalmente a partir das reais demandas da área no município, para além a questão do documento de propostas, é importante ressaltar o processo mobilizado para tal. Esse moimento de problematização do setor cultural do audiovisual a partir da sociedade civil organizada com atuação de diferentes agentes”, ressalta.

Lourenço Favari, secretário de audiovisual do Grupo Auê e membro do Núcleo Audiovisual de Guerrilha Fudidos & Malpagos, destaca a importância dessa comunhão dos grupos. "Trata-se de um momento muito importante para o audiovisual local. Em primeiro lugar por iniciar esse processo para a conferência. Em seguida por que o cinema, historicamente, está intimamente ligado às questões políticas, sobretudo o produzido no terceiro mundo. Temos uma respeitável, porém esquecida, relevância no cinema brasileiro com os filmes e presença marcante de Roberto Palmari. Portanto, essa comunhão de grupos reitera a força do cinema rio-clarense”.

PROPOSTAS DO AUDIOVISUAL

PRODUÇÃO SIMBOLICA E DIVERSDIDADE CULTURAL
1. Criação de lei de exibição de curtas-metragens locais, antes das exibições de longas nas salas de cinema e em outros espaços no município.
2. Promover o acesso irrestrito ao bem cultural audiovisual (escolas, entidades, associações de bairro e projetos sociais, ruas).
3. Criação de Centro Público de audiovisual com estúdio, equipamentos, sala de reuniões. O espaço será administrado pelos grupos locais.
4. Criação de sala de cinema devidamente equipada com entrada gratuita para exibição de filmes locais e circuitos de filmes clássicos do cinema e alternativos.
5. Criar e manter programa de distribuição nacional e internacional, das produções de audiovisual de Rio Claro;
6. Estabelecer vínculo com a mídia local para a divulgação e exibição da produção audiovisual de Rio Claro
7. Criação de programa de incentivos, isenções fiscais e subsídios para o desenvolvimento de grupos da produção audiovisual, assim como sua distribuição e comercialização.
CULTURA, CIDADE E CIDADANIA
1. Desenvolvimento de programas de formação continuada (técnico e especialização).
2. Criação de Conselho municipal de política cultural com dois terços da sociedade civil com caráter deliberativo em todos os níveis pautado pelo plano decenal
3. Criação do Fundo Municipal Setorial de Audiovisual com editais próprios para financiamento de projetos na área

CULTURA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
1. Realização, Apoio e promoção de festivais locais de audiovisual.
2. Incentivar a criação e manutenção de cineclubes dos mais variados gêneros.
3. Auxílio técnico e assessoria para grupos locais para desenvolvimento de projetos e captação de recursos

CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA

1. Criação de programa de pesquisa (acadêmica e não acadêmica) para o setor audiovisual local
2. Investimentos nos periódicos que versam sobre o audiovisual
3. Criação de gráfica popular

GESTAO E INSTITUCIONALIDADE DA CULTURA
1. Mapeamento, registro e acondicionamento das produções audiovisuais locais através de um Museu de Imagem e Som

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Processo de construção de políticas públicas culturais para o Setor Audiovisual

O estopim da retomada de discussões de política cultural democrática e coletiva no município de Rio Claro foi dado pelos encontros presencias promovidos pelo Marcô (Movimento Arte Cultura Rio Claro) – grupo de emails criado com a intenção de funcionar como um Fórum Virtual Permanente sobre principalmente Arte e Cultura na Cidade de Rio Claro/SP (e “Região”). Essa perspectiva passa pela construção da Conferência Municipal de Cultura e sua inserção no Sistema Nacional de Cultura.


Não é nenhuma novidade a política cultural de subvenção que vigora a várias administrações no município. Tal política se caracteriza como uma modalidade de transferência de recursos para organizações (governamentais e não-governamentais) e se restringe a sanar apenas despesas de custeio. Seus efeitos são perversos, pois ao mesmo tempo em que cria uma elite cultural local precariza os mesmos grupos beneficiados por não abarcar, por exemplo, a questão do investimento (fundamental para grupos que trabalham com cinema, por exemplo). Essa relação entre grupos privilegiados e o poder público, lembra, grosso modo, o que Caio Prado Júnior denominou, a mais de 50 anos, como Capitalismo burocrático – confusão de interesses público e privados.



É preciso lembrar, contudo, a sensibilidade da atual administração em perceber a efervescência da sociedade civil e, junto com ela, compor nesse processo de construção da Conferencia Municipal de Cultura. Exemplo disso foi a organização da 1ª Pré- Conferencia (no primeiro semestre) e as reuniões abertas chamadas junto á população.



O Setor Audiovisual do município de Rio Claro vem, ao longo do ano, participando com entusiasmo desse processo principalmente com o protagonismo de três grupos: Kino-olho com sua larga experiência em produções no município com seu Cinema Caipira; Núcleo Audiovisual de Guerrilha Fudidos&Malpagos com seu viés crítico e coletivo no fazer cinema, e o Imago: laboratório da imagem, experiência e criação, grupo da UNESP Rio Claro que trabalha com Educação, Experiência e produção imagética com crianças, professores, usuários de saúde mental...



Tal articulação entre grupos tão diferentes acabou por potencializar o processo de construção de políticas no setor e está reverberando na realização do 1º Fórum Municipal do Audiovisual na próxima 4ª feira dia 14, ás 9h, no Auditório do IB na UNESP com a presença do presidente do Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), o rio-clarense João Batista Pimentel Neto.



Na perspectiva de estimular e fomentar a produção local foi elaborado uma série de propostas para o Setor. A principal diz respeito à criação de um Centro Público de Audiovisual com estúdio e equipamentos. A idéia é não só potencializar o trabalho dos grupos já constituídos, mas criar condições para a emergência de outros grupos e pessoas interessadas na área.



Venha você também participar sugerindo idéias e propostas!



Fórum Municipal de Audiovisual: 14.09 - 9h - Auditório IB UNESP
Pré-Conferência Municipal do Setor Audiovisual : 15.09 – 20:30h - Auditório IB UNESP